quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

A Lenda D'el Rei D. Sebastião

Fugiu de Alcácer QuibirEl Rei D. SebastiãoPerdeu-se num labirintoCom seu cavalo real
As bruxas e adivinhos Nas altas serras beirãsJuravam que nas manhãsDe cerrado de NevoeiroVinha D. Sebastião
Pastoras e trovadoresDas regiões litoraisAfirmaram terem vistoPerdido entre os pinhaisEl Rei D. Sebastião
Ciganos vindos de longeFalcatos desconhecidosTentando iludir o povoAfirmaram serem elesEl Rei D. SebastiãoE que voltava de novo
Todos foram desmentidosCondenados às galesPois nas praias dos AlgarvesTrazidos pelas marésEncontraram o cavaloFarrapos do seu gibãoPedaços de nevoeiroA espada e o coraçãode El Rei D. Sebastião
Fugiu de Alcácer QuibirEl Rei Rei D. SebastiãoE uma lenda nasceuEntre a bruma do passadoChamam-lhe o desejadoPois que nunca mais voltouEl Rei D. SebastiãoEl Rei D. Sebastião


Balada de José Cid

D. INES

BALADA PARA D.INÊS



Chegou das terras de espanha Nobre dama de castela Na corte de portugal Diziam ser a mais belaSeu nome ficou na história Como símbolo de amorNão mais tiveram perdãoAqueles que a mataramDona inêsSeus longos cabelos de ouroOs olhos azuis mas mortaSentada em trono realTodos lhe beijam a mãoSeu nome ficou entãoComo símbolo do amorE um poeta trovadorA sua morte cantouDona inês
BALADA ESCRITA POR JOSE CID

A Lenda de Serpins que meu Pai me contava

Um cavaleiro andava, calmamente, à caça pelas terras montanhosas de serpins.
Depois de muito percorrer e pouca ou nenhuma encontrar, deparou-se com uma
Comunidade de Mouros. O cavaleiro era Cristão e apesar de Cristãos e Mouros
conviverem pacificamente em terras Lusitanas, os Mouros não gostaram que o
Cristão invadisse as suas terras e expulsaram-no dos seus domínios. O cavaleiro
como estava só, teve medo e foi embora. Na sua fuga e num cabeço deserto foi
atacado por uma serpente, apavorado chamou por Nossa Senhora que apareceu em seu auxilio e esmagou a cabeça da mesma matando-a.
Em agradecimento o cavaleiro mandou construir uma capela em honra da Mãe do Céu.
A quem chamou NOSSA SENHORA DO SOCORRO.
Da palavra serpente deriva o nome de SERPINS. É NOSSA SENHORA DO SOCORRO a PADROEIRA desta freguesia chamada de SANTA MARIA DE SERPINS

Lenda contada por meu Pai de seu nome
Armando das Neves
Coimbra,2009-12-24

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Lenda da Princesa Peralta

A lenda do Castelo de Arouce



De acordo com uma antiga
lenda, que muitos danos causou ao monumento, à época da ocupação muçulmana da península Ibérica, o castelo foi erguido por Arunce, um emir ou chefe islâmico derrotado e expulso de Conimbriga, para a proteção de sua filha Peralta e seus tesouros, enquanto ele se deslocasse ao Norte de África em busca de reforços contra as forças cristãs que, cada vez mais, apertavam o cerco às terras muçulmanas.
Lenda do Rei Arunce e da Princesa Peralta Lendas e História de um povo tendem a cruzar-se e por vezes a confundir-se…Também a mítica que envolve a fundação da Lousã está envolta em mistérios de alguma forma bucólicos, o que a torna mais apetecível.É neste contexto que surge o Castelo de Arunce com todo o seu mistério, capaz de nos transportar para tempos avoengos de batalhas e amores quiçá proibidos…Embora os castelos, por norma, insinuem actividades militares e movimentos bélicos, existem alguns que despertam no íntimo do nosso imaginário lendas e histórias românticas.O cenário em que se integra o castelo da Lousã, a península onde se insere e todo o espaço envolvente transporta-nos assim para além da realidade e é envolto neste quadro que a lenda se torna realidade.Conta a história ter sido este castelo mandado construir pelo Rei de Conímbriga chamado Arunce.Este castelo constituiria assim um local de refúgio que, embrenhado na floresta, confundia os ataques inimigos.É perante uma invasão a Conímbriga, então porto de mar, perpetrado pelo Príncipe Lausus, que o Rei Arunce se vê obrigado a fugir para a atalaia da Lousã, levando consigo a sua filha Peralta e todas as suas riquezas.Contudo, no momento da fuga, a Princesa Peralta e o Príncipe Lausus terão trocado olhares que os deixou enamorados.O ímpeto de Lausus leva-o a ir em busca da sua amada, percorrendo as serranias da região.O velho monarca, sabendo das intenções do seu inimigo, resolve ir ao encontro de Lausus, deixando Peralta e as riquezas fechadas no Castelo da Lousã.Este encontro militar acaba contudo por se tornar fatídico para Arunce e Lausus…Não havendo ninguém conhecedor do refúgio da Princesa, conta a lenda que ainda hoje, de quando em vez, se ouve o soluçar apaixonado da jovem Peralta, aguardando pelo seu Príncipe.Em memória dessa história, Lausus terá dado origem ao nome da vila da Lousã, inicialmente Lausana, enquanto que o rio envolvente ao Castelo terá ficado com o nome de Arunce e posteriormente evoluído para Arouce

castelo da vila da Lousã

O castelo da Lousã pretence a uma das primeiras linhas defensivas criadas para controlar os acessos meridionais a Coimbra, em época do Conde D. Sesnando Davidis na segunda metade do século XI. O reduzido perímetro da estrutura militar parece corresponder a essa primitiva época de definição, embora as suas partes constituintes tenham sido objecto de alterações ao longo da Baixa Idade Média.Nos primeiros tempos da monarquia, a localidade desempenhou um papel importante, a que não foi alheia a sua condição de vila de fronteira. Em 1124, uma incursão islâmica tomou o castelo e, de novo na posse do Condado Portucalense, foi agraciada com foral em 1151, por D. Afonso Henriques. Por essa altura, já a Lousã não era uma zona fronteiriça, graças às conquistas de Santarém, Sintra, Lisboa e Palmela, em 1147, mas era necessário reforçar o seu povoamento.É possível que a configuração geral do castelo date de uma época posterior, a rondar os finais do século XIII e os inícios da centúria seguinte. Vários vestígios apontam para essa eventualidade, ainda que o castelo não tenha sido objecto de um estudo monográfico rigoroso. Em primeiro lugar, a relevância da sua quadrangular torre de menagem, adossada à cerca e não incrita no interior do pátio, com acesso por portal apontado ao nível do adarve. Em segundo lugar, o facto de a entrada ser em cotovelo e protegida por dois torreões circulares que, embora parecendo adaptar-se a uma planimetria prévia, terão sido certamente reforçados e complementados por esta altura.Esvaziada de sentido a função militar, e secundarizada a própria vila numa Idade Moderna voltada para o Atlântico, o castelo passou incólume pelos séculos até à actualidade. Entre as décadas de 40 e 60 do século XX, a DGEMN promoveu substanciais obras de reforço e consolidação, responsáveis pela fisionomia actual do conjunto.PAF

Padre Francisco Costa, prior de Trancoso, um pioneiro


Sentença Proferida em 1487 contra o Prior de Trancoso (do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, autos arquivados no armário 5, maço 7):



Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado, o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido:
– com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos;– de cinco irmãs teve dezoito filhas;– de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas;– de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas;– de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas;– dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas,– da própria mãe teve dois filhos.
Total: “duzentos e setenta e cinco, sendo cento e quarenta e oito do sexo feminino e cento e vinte e sete do sexo masculino, tendo concebido em cinqüenta e quatro mulheres”.
Porém…
… “El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou por em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1487, com o fundamento de Ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e guardar no Real Arquivo da Torre do Tombo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo”.
Não há notícia do que fazia com os meninos.

O HUMANISMO NA LITERATURA PORTUGUESA

O HUMANISMO NA LITERATURA PORTUGUESA O Humanismo português vai desde a nomeação de Fernão Lopes para o cargo de cronista-mor
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da Torre do Tombo, em 1434, até o retorno de Sá de Miranda da Itália, em 1527, quando começou a introduzir em Portugal a nova estética clássica. Torre do Tombo: arquivo do Reino, onde se guardavam os documentos oficiais. A Torre do Tombo foi destruída por um terremoto em 1755, mas o arquivo conservou sempre o mesmo nome. O termo Humanismo literário é usado comumente para designar o estudo das letras humanas em oposição à Teologia. Na Idade Média, predomina a concepção teocêntrica, em que tudo gira em torno dos valores religiosos. A partir do Humanismo desenvolve-se uma nova concepção de vida: os eruditos defendem a reforma total do homem; acentuam-se o valor do homem na terra, tudo o que possa tornar conhecido o ser humano; preocupam-se com o desenvolvimento da personalidade humana, das suas faculdades criadoras; têm como objetivo atualizar, dinamizar e dar uma nova vida aos estudos tradicionais; empenham-se em fazer a reforma educacional. Nesse período da história literária, são cada vez mais lidos e apreciados os autores gregos e latinos. A estética medieval – rude e grosseira – é substituída pela grego-latina – harmoniosa e culta. O latim passa a ser a língua de muitos humanistas, que se deixam tomar de grande entusiasmo pelo saber, pelas artes clássicas. A produção literária portuguesa desse período pode ser subdividida em: _ Prosa: a) Crônicas de Fernão Lopes, b) Prosa doutrinária e c)
Novela de cavalaria _ Poesia: Poesia palaciana _ Teatro: Obra de Gil Vicente Prosa Conhecido como o “Pai da Historiografia portuguesa”, Fernão Lopes foi encarregado por D. Duarte de guardar os arquivos da Torre do Tombo, onde se achavam os principais documentos sobre Portugal. Incumbido de escrever relatos sobre os acontecimentos de diversos períodos históricos (as chamadas crônicas), Fernão Lopes destacou-se como um prosador dono de um estilo rico e movimentado. Não se limitando a tecer elogios a reis, como a outros cronistas da época; fez descrições detalhadas não só do ambiente da corte, mas também das aldeias, das festas populares e, principalmente, do papel do povo nas guerras e rebeliões. São de sua autoria: _ A Crônica de El-Rei D. Pedro I: narrativa dos principais acontecimentos de seu reinado; _ A Crônica de El-Rei D. Fernando: narrativa dos fatos que ocorreram desde o casamento de D. Fernando com Leonor Telles até o início da Revolução de Avis; _ A Crônica de El-Rei D. João I: narrativa dos acontecimentos relativos a seu reinado (1385-1411), quando é assinado a paz com Castela. Fernão Lopes é reconhecido como historiador de inegável méritos e verdadeiro narrador-artista preocupado não apenas com a verdade do conteúdo de suas narrativas, mas também com a beleza da forma. É reconhecido também pela sua capacidade de observar e analisar personagens históricas. Fernão Lopes analisou com objetividade e justiça os documentos históricos: foi cauteloso em determinar a verdade histórica, ao confrontar textos e versões sobre um mesmo acontecimento. Prosa Doutrinária Estas obras destinavam-se ao aprendizado de determinadas artes, muito em moda na época: _ Livro da montaria; _ Livro da falcoaria; _ Leal conselheiro (um verdadeiro guia sobre sentimentos humanos). Novela de Cavalaria Como já vimos no Trovadorismo, a novela de cavalaria relatava os feitos históricos de um corajoso cavaleiro, em alguma nobre missão. Neste período, é escrita a novela Amadis de Gaula, que conta a história do cavaleiro Amadis, apaixonado por Oriana, por que se lança em inúmeras aventuras.
Publicado em: maio 10, 2007

HISTÓRIA ANTIGA




Era uma vez, lá na Judeia, um rei. Feio bicho, de resto: Uma cara de burro sem cabresto E duas grandes tranças. A gente olhava, reparava, e via Que naquela figura não havia Olhos de quem gosta de crianças. E, na verdade, assim acontecia. Porque um dia, O malvado, Só por ter o poder de quem é rei Por não ter coração, Sem mais nem menos, Mandou matar quantos eram pequenos Nas cidades e aldeias da Nação. Mas, Por acaso ou milagre, aconteceu Que, num burrinho pela areia fora, Fugiu Daquelas mãos de sangue um pequenito Que o vivo sol da vida acarinhou; E bastou Esse palmo de sonho Para encher este mundo de alegria; Para crescer, ser Deus; E meter no inferno o tal das tranças, Só porque ele não gostava de crianças


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Miguel Torga
Coimbra, 12/10/1937O meu poema preferido de Miguel Torga
O meu poeta bem amado
Coimbra, 2009-12-23