domingo, 9 de janeiro de 2011

Universidade de Coimbra

A Universidade de Coimbra GCSE (sigla: UC) é uma universidade localizada na cidade de Coimbra, em Portugal. É uma das universidades mais antigas ainda em operação na Europa e no mundo, a mais antiga de seu País e uma de suas maiores instituições de ensino superior e de pesquisa.

A sua história remonta ao século seguinte ao da própria fundação da nação portuguesa, dado que foi criada no século XIII, em 1290, mais especificamente a 1 de março, quando foi assinado em Leiria, por D. Dinis, o documento Scientiae thesaurus mirabilis, o qual criou a própria Universidade e pediu ao Papa a confirmação.
Organizada em oito faculdades diferentes, de acordo com uma variedade de campos de conhecimento, a Universidade oferece todos os graus académicos em arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desportos.
A Universidade de Coimbra possui aproximadamente 20 mil estudantes, abrigando uma das maiores comunidades de estudantes internacionais em Portugal, sendo a sua universidade mais cosmopolita[2].
Além disso, é o membro-criador do chamado Grupo Coimbra, uma rede de universidades europeias cujo objetivo é a colaboração académica entre elas.
A bula do Papa Nicolau IV, datada de 9 de agosto de 1290, reconheceu o Estudo Geral, com as faculdades de Artes, Direito Canónico, Direito Civil e Medicina, reservando-se a Teologia aos conventos Dominicanos e Franciscanos.

A universidade, inicialmente instalada na zona do actual Largo do Carmo, em Lisboa, foi transferida para Coimbra, para o Paço Real da Alcáçova, em 1308. Voltou em 1338 para Lisboa, onde permaneceu até 1354, ano em que regressou para Coimbra. Ficou nesta cidade até 1377 e voltou de novo para Lisboa neste ano.
Permaneceu na Capital portuguesa até 1537, data em que foi transferida definitivamente para Coimbra, por ordem de D. João III.
A Universidade recebeu os seus primeiros estatutos em 1309, com o nome Charta magna privilegiorum. Os segundos estatutos foram outorgados no ano de 1431, durante o reinado de D. João I, com disposições sobre a frequência, exames, graus, propinas e ainda sobre o traje académico
Já no reinado de D. Manuel I, em 1503, a Universidade recebeu os seus terceiros estatutos, desta vez com considerações sobre o reitor, disciplinas, salários dos mestres, provas académicas e cerimónia do ato solene de doutoramento.

Desde o reinado de D. Manuel I, todos os Reis de Portugal passaram a ter o título de «Protectores» da Universidade, podendo nomear os professores e emitir estatutos.
O poder real, bastante mais centralizado a partir de D. João II, criava uma dependência da Universidade em relação ao Estado e à Política, pelo que a preponderância dos Estudos Jurídicos se estabeleceu em Portugal.
A 27 de Dezembro de 1559, no reinado de D. Sebastião), Baltazar de Faria fez a entrega dos Quartos Estatutos, nos quais se determinou que o reitor fosse eleito pelo Claustro, disposição essa nem sempre foi cumprida pelo poder régio. Nesse mesmo ano, a 1 de Novembro, tinha sido solenemente aberta a Universidade de Évora, entregue aos Jesuítas.
Em 1591, de Madrid, vieram os Sextos Estatutos (os quintos foram deixados de lado, nunca tendo entrado em vigor) e foram apresentados em Claustro no ano seguinte. Determinava-se que a Universidade indicasse três nomes para o cargo reitoral, escolhendo o rei um deles.
No reinado de D. João V, João Frederico Ludovice terá feito o risco para a Torre da Universidade de Coimbra e portal da Biblioteca . Xavier da Costa ao citar os monumentos da era joanina, falando da Biblioteca (1716 - 1725 ), e da Torre ( 1728 - 1733 ), diz que não será injustificado atribuírem-se os seus projectos a Ludovice . Aludindo o parentesco que encontramos entre o Pórtico da mesma Biblioteca e o Portal da Capela Octogonal do Senhor das Barrocas em Aveiro . As mísulas laterais em que se apoiam os arcos, as colunas jónicas, os frisos têm um ar de parentesco nos dois pórticos, muito diferentes, porem no coroamento, pois o de Aveiro, com os seus frontões, um entrecortado outro partido, reúne uma decoração escultórica que prova grande influencia dos artistas entalhadores e dos lavrantes da pedra e ourivesaria. Não será despropositado lembrar também o nome ou a influência de Ludovice, ao citar a porta do Antigo colégio de São Jerónimo, em Coimbra, de frontão muito ondulado e partido, apoiado sobre “ gaines” - uma espécie de scabellum ou de pedestais esguios que substituem as colunas - esteios que Borromini já empregara e que o arquitecto de Mafra também aplicou na janela central do segundo andar do seu palácio de Lisboa em S.Pedro de Alcântara, concluído em 1747 . ( História de Portugal - Edição Monumental da Portucalense Editora, - Damião Peres - de Eleutério Cerdeira ) .

A Torre da Universidade de Coimbra, tem 33,5 metros de altura, constitui o emblema tradicional de Coimbra . Começou a construir-se em 1728 e foi terminada em 1733 . No topo sobre o relógio, abre-se um miradouro do qual se desfruta uma panorâmica esplendorosa da cidade e do vale do Mondego . Nesta Torre está colocada, entre outros sinos, a célebre « cabra », que marcava as horas do despertar e do recolher dos estudantes .
No reinado de D. José I, a Universidade sofreu uma profunda alteração. Em 28 de Junho de 1772 o rei ratifica os novos estatutos (Estatutos Pombalinos), que marcam o início da Reforma. Esta manifestava, sobretudo, um grande interesse pelas ciências da natureza e pelas ciências do rigor, que tão afastadas se encontravam do ensino universitário.
Em 1836 dá-se a fusão da Faculdade de Cânones e de Leis na Faculdade de Direito, e que veio a contribuir fortemente para a construção do novo aparelho legal liberalista.
Em 1911, a Universidade recebe novos estatutos com o objectivo de criar uma certa autonomia administrativa e financeira e criava também um sistema de bolsas para fazer aumentar o número de alunos no ensino superior.
Foi criada a Faculdade de Letras, que herdou as instalações da extinta Faculdade de Teologia, enquanto as Faculdades de Matemática e de Filosofia (criadas na Reforma Pombalina) eram convertidas na Faculdade de Ciências.
Com o 25 de Abril de 1974 inicia-se um novo período da vida portuguesa e universitária, que foi alvo de várias reformas para acompanhar a nova dinâmico política. Em 1989 são publicados os estatutos que estão actualmente em vigor.

Durante os seus mais de sete séculos de existência, a Universidade, hoje uma instituição de referência, foi crescendo, primeiro por toda a Alta de Coimbra e depois um pouco por toda a cidade, encontrando-se actualmente ligada a gestação de ciência e tecnologia e à difusão de cultura portuguesa no mundo.
Continuando a manter o renome de outros tempos, é, de um modo geral, indiscutível a qualidade do ensino na Universidade de Coimbra dentro do muito fragmentado panorama nacional de ensino superior. No que toca, por exemplo à Faculdade de direito (FDUC), é de notar o relatório de avaliação externa das Faculdades de Direito Portuguesas, tendo a FDUC ficado no mais alto lugar do pódium no que toca ao ensino das leis (ex-equo com a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa). Todas as 8 faculdades têm cursos e departamentos geralmente considerados de excelência a nível nacional, e nalguns casos internacional. A UC tem consistentemente ficado classificada entre as 3 melhores universidades de língua portuguesa.
Hoje, a Universidade de Coimbra conta com oito Faculdades (Letras, Direito, Medicina, Ciências e Tecnologia, Farmácia, Economia, Psicologia e Ciências da Educação, Ciências do Desporto e Educação Física) e cerca de 22 mil alunos.

Actualmente, a Universidade espalha-se por três grandes pólos:
A alta universitária, Pólo I, onde se situam a reitoria e os serviços administrativos, partilhando o edifício histórico da Universidade com a Faculdade de Direito. Ainda na Alta Universitária, situam-se as Faculdades de Letras e de Psicologia, bem como os Departamentos de Ciências da Vida, Química, Física, Geologia e Matemática da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC). Completam o conjunto o edifício da Biblioteca Geral e Arquivo.
O Pólo II, ou Pólo de Engenharia, onde se situam os departamentos de engenharia da FCTUC.
 O Pólo III, ou Pólo de Ciências da Saúde, onde se situam os cursos da área médica, assim como alguns laboratórios de investigação associados.

A Faculdade de Economia, situada num palacete da Avenida Dias da Silva, está afastada dos outros 3 pólos, e foi criada em 1972.

Traje académico


O traje académico é a indumentária cerimonial usada por estudantes e professores universitários e ainda existe em algumas universidades tradicionais
Capa e Batina em Portugal é considerado o uniforme do estudante universitário. Deriva das vestes eclesiásticas e, desde sempre, é composto pela batina e capa. Este facto realça o pioneirismo da Igreja no Ensino. De facto, foi o clero que, até ao século XVIII, teve a primazia do ensino ao povo, no qual a Companhia de Jesus teve papel preponderante a partir do século XV. Hoje em dia o seu uso é regulamentado pela Praxe académica

O traje surgiu em Coimbra como forma de distinguir o foro académico das demais classes e ofícios (ver em ligação externa). Existem, portanto, um conjunto de regras de elaboração e utilização do traje que descrevem especificamente as características da calça ou saia, camisa, laço ou gravata, colete, batina, capa, sapatos.
 Capa e batina
O traje académico actual, também apelidado de "capa e batina", é composto por uma batina, que foi reduzida a uma casaca (copiada das vestes burguesas), colete, gravata preta, camisa branca, calças simples, sapatos simples, e por uma capa, que deverá tocar no chão, quando colocada sobre os ombros, sem dobras. Esta é a indumentária reservada aos homens, que também podem usar um gorro simples, sem borla. As senhoras, em vez da batina, usam um casaco pela cinta, mas não cintado, uma camisa branca, uma saia travada e abaixo do joelho, meias compridas, pretas e não opacas, sapatos simples, e uma capa igual à dos homens. As origens do traje académico masculino remontam ao século XVI, embora o actual modelo provenha das vestes burguesas de finais do século XIX e inícios do XX, quando estas substituíram o traje talar. O traje feminino surgiu na Universidade do Porto, quando em 1937 o Coral do Orfeão Universitário do Porto passou a apresentar naipes femininos. O traje feminino foi então criado com meias transparentes, como ainda ostentam as Orfeonistas
Ao final dos estudos está geralmente associado o "rasganço" de toda a indumentária académica, com excepção da capa e da pasta académica, que assim acompanham o resto da vida do antigo estudante. Hoje em dia, são raros os estudantes que fazem, de facto, o "rasganço", devido ao peso sentimental atribuído ao traje, no final do curso. Dá-se, então, um "rasganço" simbólico, usando-se apenas a capa (se assim o desejar) - esta é a indumentária mais característica dos Veteranos, os alunos com mais matrículas do que as necessárias para terminar o curso. Aos rapazes rasga-se a roupa toda com excepção dos colarinhos, punhos, capa e gravata. Às moças rasga-se apenas e só o que se não rasgou aos rapazes, isto é, os colarinhos, punhos, laço ou gravata e meias, a capa também não se lhes rasga.

Fitas
O uso da pasta académica só é permitido a partir do momento em que se deixa de ser caloiro e se passa a pastrano: a partir da Queima das fitas do ano da 1ª matrícula na Universidade. Contudo, o aspecto que a ela está mais associado são as Fitas. Estas são impostas ao estudante antes de este iniciar o último ano do seu curso. São oito fitas ao todo, da cor do curso de cada estudante, identificando-o como um Quintanista. Esta tradição remonta a meados do século XIX, quando as pastas eram compostas por duas partes independentes, e que eram mantidas unidas com recurso a estas fitas.
A "Queima das Fitas" tem as suas origens nas celebrações que se faziam aquando o final dos cursos, onde os Finalistas queimavam as suas fitas dentro de um penico. Tal como o "rasganço", aplicado ao traje académico, a "Queima das Fitas" é também um momento de despedida da vida de estudante. Terá sido iniciada em Coimbra, e é actualmente um dos maiores acontecimentos do calendário académico, em todas as cidades universitárias do paí
 História
Apesar de hoje em dia se apresentar uniformizado, o traje académico nem sempre foi como se conhece hoje. O traje deriva das vestes dos clérigos, os quais vestiam conforme as sua condição e posses.

Os antigos estatutos da Universidade de Coimbra não obrigavam o uso do traje, mas proibiam, porém, o uso de certas cores e condicionavam alguns traços do corte.
Dos estatutos de D. Manuel I:
«Não poderão os sobreditos nem outros alguns estudantes trazer barras nem debruns de pano em vestido algum; nem isso mesmo poderão trazer vestido algum de pano frizado; nem poderão trazer barretes de outra feição senão redondos; e assim hei por bem que os pelotes e aljubetes que houverem de trazer sejam de comprido três dedos abaixo do joelho ao menos; e assim não poderão trazer capas algumas de capelo, somente poderão trazer lobas abertas ou cerradas ou mantéus sem capelo; não trarão golpes nem entretalhos nas calças nem trarão lavor branco nem de cor alguma em camisas nem lenços.»[1]
Na obra de Luís Cyrne de Castro, Tempos Idos, refere-se que seria em 1645 que D. João IV iria confirmar os estatutos da Universidade, que vigoraram até 1772, sendo reformulados na sequência da reforma Pombalina.
Porém, é no século XIX que o traje académico sofre maiores alterações, instaurando uma polémica, ao ponto do reitor se impor e decretar medidas extremas. Com base em relatos da época por Antão de Vasconcelos[2] nota-se que a batina evoluiu do tornozelo ao joelho. Porém, nos finais do século as transformações seriam ainda maiores. Como Ramalho Ortigão salienta, a calça vestia-se agora comprida, dado que até aí se usava o calção pelo joelho e meia preta. Por épocas da implantação da república a própria batina começa a sofrer a maior e mais atroz modificação, que a descaracterizou por completo: foi reduzida à condição de casaco comprido com lapelas de seda à moda, perdendo os tradicionais botões que a fechavam desde o pescoço até aos joelhos. Com efeito, num contexto social e político fortemente anticlerical, os detractores do traje conseguiram impor um modelo de traje baseado nas roupagens burguesas, conseguindo abolir a secular tradição do "hábito talar". Com isto as únicas peças mais antigas e pouco inalteradas do trajar estudantil em Coimbra são o gorro (que caíu em desuso) e a capa - a qual apenas se manteve por resistência dos estudantes que nela depositavam o imaginário colectivo dos romances de capa e espada, já que os anticlericais até a capa pretendiam ver proibida. Apesar da nova configuração, o casaco jamas deixou de ser apelidado (mesmo que erradamente) de batina.

É, em 1957, com a publicação do primeiro Código da Praxe Académica que o traje passa a ser uniformizado.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


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